15 de Junho de 2015, por Pe. Marcel

Nas Escrituras Deus se manifesta sempre no hoje. ?Oxalá ouvísseis hoje a sua voz!? (Sl 95,7). O momento mais importante da nossa vida é o presente. Nós somos constantemente distraídos por aquilo que aconteceu no passado ou que, talvez, acontecerá no futuro. Hoje podemos tomar decisões, nos converter, enfim decidir o que queremos fazer com nossa vida.

A oração é a disciplina do momento presente. Quando oramos, entramos na presença de Deus cujo nome é Emanuel (Deus está conosco). Orar é escutar com atenção a Deus que fala conosco hoje e responder, muitas vezes, balbuciando. É necessário nos desligar gradualmente das vozes que nos deixam com um peso na consciência (passado) ou ansiosos (futuro); quando ousamos acreditar que nunca estamos sozinhos, mas que Deus está sempre conosco, podemos entrar na nossa história concreta e descansar na presença de Deus. Fazer isso é muito difícil porque não é evidente que confiamos realmente em Deus, embora, no nosso coração, desejemos confiar. O núcleo da mensagem de Jesus foi que Deus não é um fraco sem poder nem um patrão poderoso, mas um namorado cujo desejo é de nos dar o que nosso coração mais deseja, isto é, ser amado por Ele.

Orar é escutar esta voz daquele que nos ama e obedecer. A palavra ?obediência? vem da palavra latina ob-audire, que significa escutar com grande atenção. Nós nos tornamos ?surdos? à voz do amor quando não escutamos. A palavra latina para surdo é surdus. Ser completamente surdo é ser absurdus, sim, absurdo (que não soa bem). Nossas vidas se tornam absurdas quando não rezamos, quando não escutamos a voz do amor que fala conosco no momento presente; é por isso que nossa vida vem sendo jogada de um lado para outro, entre o passado e o futuro.

Se pudéssemos ser, uns minutos a cada dia, o que realmente somos, poderíamos descobrir que não estamos sozinhos e que Aquele que está conosco deseja uma coisa só: dar-nos o seu amor.

(Inspirado do livro de Henri J. M. Nouwen, Here and now)

Pe. Marcel