07 de Agosto de 2015, por Pe. Marcel

As pessoas de todas as religiões falam com Deus e de Deus; no judaísmo e no cristianismo é Deus que fala com as pessoas, revelando-se e manifestando o mistério da sua vontade. “Vendo ele as multidões, subiu à montanha. Ao sentar-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. E pôs-se a falar e os ensinava, dizendo:” (Mt 5,1). O homem da religiosidade natural procura a Deus, apresenta-lhe suas necessidades, deseja encontrar-se com ele e ser feliz. No cristianismo é Deus que procura o homem, se inclina sobre ele, torna-se acessível e o convida a entrar em comunhão com ele.  O cristão procura a Deus depois de tê-lo encontrado: “Procurei o amado de meu coração...passando por ele, contudo, encontrei o amado da mina alma. Agarrei-o e não o soltarei” (Ct 3,4); no cristianismo existe a novidade de um Deus que se faz presente na nossa história e se deixa conhecer. Maria Madalena procurava Jesus no primeiro dia da semana porque já o tinha encontrado.

Ao Deus que fala e se revela deve-se a obediência da fé (Rm 16,26). No cristianismo o homem crê respondendo a Deus e responde crendo. Acontece, então, um dialogo entre Deus e o homem; este diálogo é de natureza particular porque envolve, de um lado, a grandeza de Deus e, do outro lado, a pequenez do homem. Não é o homem que decide qual deve ser a iniciativa de Deus ou o que ele deve fazer; pelo contrário, a partir do momento em que ele começa a escutar a Palavra de Deus, deseja dar-lhe a resposta adequada da fé, entregando-se a ele com o “sim” da sua mente e do seu coração.

Neste dialogo entre Deus que fala e o homem que responde pela fé, realiza-se efetivamente algo parecido à semente que cai na terra boa. “Outras caíram em terra boa e produziram fruto, subindo e se desenvolvendo, e uma produziu trinta, outra sessenta e outra cem” (Mc 4,8). A Palavra de Deus é muito mais poderosa que o homem, Deus é maior do que a sua criatura, portanto ao homem cabe a abertura do coração, o empenho da resposta para se tornar disponível como Maria. “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”(Lc 1,38). Quanto é sublime a fé que vem da escuta da Palavra de Deus e da pregação; a fé cristã é um encontro pessoal com Deus segundo o próprio Deus.