A grandeza de um homem de fé!

10 de Abril de 2013, por Dom Sergio de Deus Borges*


No dia 11 de fevereiro, uma das primeiras mensagens que apareceu no meu Facebook foi: ?Dom Odilo, Edmar Peron, Sergio Borges,.........contamos com as palavras de vocês e o apoio para nós, leigos, neste momento, para dar forças de Fé ao Povo de Deus?. O autor deste pedido estava admirado com a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI e pedia uma orientação à Igreja sobre tal notícia que pegou todo mundo de surpresa.

Fez muito bem em pedir que a Igreja, através de seus Bispos, se pronunciasse, porque ouvimos nos últimos dias tantas supostas notícias, tantas ?histórias? no noticiário das redes de comunicação, que se tornaram causa de admiração até nas pessoas de bom senso e de viva comunhão com a Igreja! Ouvimos tantas coisas, mas como saber o que realmente ocorreu em Roma no dia 11 de fevereiro? O que de fato é verdade em meio a tantas notícias?

A resposta, nós católicos, temos porque ouvimos da boca do próprio Santo Padre e sabemos que ele é um homem que vive e fala na Verdade: ?cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino?. Foi um gesto de grande humildade, que se traduz ainda nestas palavras: ?tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado?.

Enquanto sua saúde física permitiu, o Santo Padre manteve-se à frente da barca de São Pedro, mas percebendo que sua condição física o impedia de governar a Igreja e de anunciar o Evangelho, decidiu ? com os olhos diante do Senhor ? que o melhor para a Igreja e para a evangelização seria deixar que outro fosse escolhido para realizar a missão que lhe fora confiada há oito anos. Em apenas uma página, o Santo Padre colocou toda a verdade, todos os motivos pelos quais renunciou à missão de governar a Igreja.

É bem verdade que a renúncia nos causou admiração uma vez que, na história recente da Igreja, não havíamos ? até então - convivido com o fato de um Papa renunciar, mas é claro que um acontecimento de tal porte faz parte da caminhada da Igreja que a condução do Povo de Deus seja passada a outra pessoa mais jovem e com mais saúde. Assim aconteceu quando Moisés, já idoso, passa para Josué a sua missão de governar o Povo a caminho da Terra Prometida (Nm 27,15ss); assim, também, ocorreu na história da Igreja dos séculos passados, quando o Papa renunciou para o bem da Igreja fato que ocasionou o estabelecimento das próprias normas eclesiásticas, constantes do Código de Direito Canônico, Cânon 332, § 2: ?se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém?.

Nós, Povo Santo de Deus, diante de tudo isto, devemos agradecer a Deus que colocou Bento XVI como guia da Igreja; agradecer ao Papa Bento XVI por ter conduzido, sob a ação do Espírito Santo, a Igreja de Jesus, Una, Santa, Católica e Apostólica nestes anos tão difíceis para todos nós e nossas famílias.

Além do agradecimento, devemos renovar a nossa fé na Igreja, porque a Igreja, como nos ensina o Papa Bento XVI, "prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que ele venha (cf. 1Cor 11,26), sendo fortalecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz" (Bento XVI. A Porta da Fé, 6).



*Bispo Auxiliar de São Paulo

Vigário Episcopal para a Região Santana

Marcado como Grupo de Liturgia.

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